5.3.06

Comunhão de sentimentos

Esta manhã fui à Missa a uma igreja a que não ía há largos meses. Há uns anos ía lá com muita regularidade, mas depois, por razões várias e se calhar pouco importantes acabei por passar a frequentar outra paróquia. De cujas celebrações também gosto muito.

1ª Domingo da Quaresma. A igreja, pequena, estava cheia. É bonita, uma sobrevivente nesta Lisboa.

À medida que a cerimónia ía decorrendo, perguntava-me como tinha sido possível passar tanto tempo sem ali voltar. A homilía foi curta mas daquelas que nos (me) "tocam". O sacerdote falou com o coração, pensava em voz alta, era igual a qualquer um de nós, os fiéis que nos deliciávamos com as suas palavras.

A cerimónia tem traços que a tornam diferente, única, mais pessoal e intimista do que muitas outras a que já assisti. O Pai Nosso, cantado, foi tão emotivo que não consegui acabar de o rezar. Umas lágrimas teimavam em aparecer. Bem olhei para cima, para baixo, tentei disfarçar. E foi então que a rapariga de cerca de 30 anos que estava ao meu lado se baixou, abriu a carteira e tirou um lenço de papel. Constipada? Não, mas também tinha os olhos molhados. Sorri. E eu a pensar que era uma 'mariquinhas', que chora por tudo e por nada. Afinal a cerimónia tinha-a "tocado" também. Éramos cúmplices, partilhávamos o mesmo segredo. Procurei também um lenço e tentei secar os olhos. Em vão... :) Ao Abraço da Paz trocámos um sorriso cúmplice e 2 beijos.

Todo o dia pensei nessa Missa e na forma simples e despretensiosa como decorreu. Mas mais eficaz teria sido difícil! Senti-me com vontade de mudar o mundo, de dar o meu melhor, com um elo muito forte com as pessoas que comigo tinham assistido às palavras sábias do sacerdote e que tinham partilhado dessa hora tão especial. Tão tocante... Senti-me com muita fé, como há muito não sentia. Não sei (ainda) o nome do sacerdote mas tenho a certeza que me vou lembrar por muito tempo de algumas das questões que nos (me) colocou do ambão e da cumplicidade com a minha "companheira" de banco...

E agradeço a Deus ter-me levado esta manhã de volta àquela igreja...

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